Thursday, 17 June 2021


Cabo Verde: o Estado da Nação  

em e-mail de 24.Jul. (8:38 p.m.), o Jornalista António Monteiro, do Expresso das Ilhas, solicitou resposta a tres questões, até às 12 horas do dia seguinte. Foram-lhe enviadas às 8:14 p.m. do dia 25.Jul.

Ilustríssim(a)o,

Na próxima sexta-feira vai ser debatido o Estado da Nação na Assembleia Nacional. Como uma espécie de subsídio a esse debate, o Expresso das Ilhas achou por bem enviar a V. Exª três questões que gostaríamos nos fossem respondidas até 12 horas de amanhã, terça-feira.

1. Qual é na sua percepção o real estado da nação neste momento e quais os desafios que Cabo Verde tem pela frente?

O real estado da nação situa-se no costumado ciclo instituído desde o início da nossa democracia. De alternância entre a esperança e o desencanto do nosso Povo. Os dois partidos que se têm alternado no Poder podem querer este mundo e o outro para Cabo Verde. Mas não têm conseguido ou não têm sabido encontrar o caminho.

Os desafios que Cabo Verde, isto é, TODOS OS CABO-VERDIANOS, tem pela frente situam-se principalmente na ECONOMIA:

- investir na cooperação com Israel para a transformação das nossas áreas inférteis em zonas agrícolas férteis. Como os israelitas têm feito na reconversão agrícola do deserto de Neguev.

- transferir o eixo vital da nossa economia da terra para o mar. O nosso território é limitado. O nosso mar não tem limites. Os nossos recursos marinhos limitam-se a uma actividade piscatória incipiente e mal apetrechada. Cabo Verde precisa de investir e atrair investimento estrangeiro no estudo e desenvolvimento das indústrias do mar.

- A agilidade do nosso desenvolvimento económico e social e da unidade nacional do nosso povo, não são facilitadas pela nossa insularidade. Precisamos que a engenharia e as ciências do ambiente descubram a forma de unir a geografia das nossas ilhas. Pontes ou túneis? A via marítima e a via aérea são dispendiosas e não isentas de perigo. Precisamos de ligar, por infra-estrutura permanente, ente si, as ilhas de Barlavento. E as ilhas de Sotavento. E de encontrar qual a melhor solução para ligar, entre si, os dois grupos de ilhas. A abertura de canais, (desde o Panamá e do Suez) vulgar hoje. Empenhemo-nos em Cabo Verde para que a ligação física das nossas ilhas venha a ser possível, tão cedo quanto possível.

2. Nesta encruzilhada (desemprego, criminalidade, dívida externa,etc.) em que Cabo Verde se encontra que medidas espera do Governo para fazer face a estes problemas?

As por mim sugeridas atrás.

3. Que questões acha que deveriam estar acima dos interesses partidários e devem merecer a convergência dos partidos políticos.

Todas. Incluíndo as que sugiro atrás. O que só parece possível quando as mentes se libertarem verdadeiramente de certos tiques estalinistas nuns, de certa demagogia eleitoralista noutros, e na demasiada basofaria de todos.

Jorge Morbey

Cabo-Verdiano de S. Vicente, no exílio. Que muitos adoçam chamando-lhe diáspora.

Jornal Expresso das Ilhas, 24. Jul. 2017 

Agradeço antecipadamente a sua colaboração.

Cordialmente,

António Monteiro

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